A Bíblia católica tem quantos livros?

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Por João Paulo Andrade

A Bíblia católica tem quantos livros? E por que essa quantidade pode ser diferente de outras versões?

A Bíblia é o livro mais lido e influente da história, servindo como base da fé cristã em todo o mundo. No entanto, nem todas as versões da Bíblia contêm a mesma quantidade de livros, o que gera dúvidas sobre sua composição.

Uma das perguntas mais frequentes entre fiéis e estudiosos é: A Bíblia católica tem quantos livros? A resposta pode surpreender aqueles que não conhecem as diferenças entre as tradições cristãs. Enquanto a Bíblia católica contém 73 livros, a Bíblia protestante tem 66, devido à exclusão de alguns escritos do Antigo Testamento, conhecidos como livros deuterocanônicos.

Mas por que existem essas diferenças? Como foi definida a composição da Bíblia católica? E qual a importância dos livros que foram mantidos no cânon católico, mas excluídos por outros grupos cristãos?

Neste artigo, vamos responder a essas perguntas e explorar a formação do cânon bíblico, as razões para a divergência entre católicos e protestantes e a relevância dos livros deuterocanônicos para a fé cristã.

Quantos livros tem a Bíblia católica?

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A Bíblia católica é composta por 73 livros, divididos entre o Antigo Testamento e o Novo Testamento. Essa estrutura segue o cânon reconhecido pela Igreja Católica, estabelecido ao longo da história por meio de concílios e tradições apostólicas.

O Antigo Testamento da Bíblia católica contém 46 livros, incluindo os livros deuterocanônicos, que são sete livros a mais em relação à Bíblia protestante. Esses livros foram preservados na tradição cristã desde os primeiros séculos e são considerados parte essencial das Escrituras para os católicos.

Já o Novo Testamento possui 27 livros, sendo idêntico ao encontrado na Bíblia protestante. Ele inclui os quatro Evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João), os Atos dos Apóstolos, as Cartas Paulinas e Gerais e o livro do Apocalipse.

A presença dos livros deuterocanônicos diferencia a Bíblia católica das versões utilizadas pelos protestantes. Essa diferença não foi um acréscimo feito pela Igreja Católica, como algumas pessoas pensam, mas sim a manutenção de textos que sempre fizeram parte das Escrituras utilizadas pelos cristãos primitivos.

Essa distinção levanta questões importantes sobre a formação do cânon bíblico e a autoridade das decisões que definiram quais livros seriam considerados sagrados. Para entender melhor essa questão, é necessário explorar as diferenças entre as versões católica e protestante da Bíblia.

Diferença entre a Bíblia católica e a protestante

Uma das maiores diferenças entre a Bíblia católica e a Bíblia protestante está na quantidade de livros do Antigo Testamento. Enquanto a Bíblia católica contém 46 livros, a Bíblia protestante possui apenas 39 nessa parte das Escrituras, resultando em um total de 66 livros no cânon protestante, contra 73 livros na Bíblia católica.

Essa diferença ocorre porque a Bíblia protestante excluiu sete livros do Antigo Testamento, que são chamados de livros deuterocanônicos. Esses livros são:

  • Tobias
  • Judite
  • Sabedoria
  • Eclesiástico (Sirácida)
  • Baruc
  • 1 Macabeus
  • 2 Macabeus

Além disso, a Bíblia católica contém trechos adicionais em Daniel e Ester, que também foram removidos da Bíblia protestante.

A decisão de remover esses livros aconteceu durante a Reforma Protestante, no século XVI. Os reformadores protestantes, especialmente Martinho Lutero, optaram por seguir o cânon da Bíblia Hebraica, que não incluía os livros deuterocanônicos. Eles argumentavam que esses livros não estavam nos textos originais judaicos e, por isso, não deveriam fazer parte da Bíblia.

No entanto, a Igreja Católica manteve os livros deuterocanônicos porque eles faziam parte da tradução grega do Antigo Testamento, chamada Septuaginta, que era amplamente usada nos tempos de Jesus e pelos primeiros cristãos. De fato, muitos dos apóstolos e escritores do Novo Testamento citam passagens da Septuaginta, demonstrando que esses livros eram considerados inspirados e autoritativos na tradição cristã primitiva.

Essa diferença na composição da Bíblia continua sendo um ponto de divergência entre católicos e protestantes. Para os católicos, os livros deuterocanônicos são parte integral das Escrituras, com ensinamentos valiosos sobre fé, moral e história do povo de Deus. Já os protestantes consideram esses livros como “apócrifos”, ou seja, úteis para leitura, mas não inspirados da mesma forma que os demais livros bíblicos.

A compreensão dessas diferenças ajuda a entender melhor a formação do cânon bíblico e as decisões teológicas que moldaram as Escrituras ao longo da história. Para aprofundar essa questão, é essencial examinar como se deu o processo de definição dos livros da Bíblia católica.

Origem do cânon da Bíblia católica

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A Bíblia Católica tem quantos livros/ Imagem: O Pregador de Cristo

A composição da Bíblia católica não foi definida de maneira aleatória ou recente. O cânon bíblico foi formado ao longo dos primeiros séculos do cristianismo, seguindo tradições apostólicas e sendo consolidado por meio de concílios da Igreja. Esse processo foi essencial para definir quais livros eram inspirados por Deus e deveriam ser incluídos na Bíblia.

Nos primeiros séculos do cristianismo, diferentes comunidades utilizavam diversos escritos religiosos, tanto do Antigo Testamento quanto do Novo Testamento. No entanto, não havia uma lista oficial reconhecida por toda a Igreja. Para resolver essa questão e garantir a unidade doutrinária, os Concílios da Igreja desempenharam um papel fundamental na definição do cânon.

O Concílio de Hipona (393 d.C.) e o Concílio de Cartago (397 d.C.) foram os primeiros a reconhecer oficialmente o cânon da Bíblia católica, listando os 73 livros que hoje fazem parte das Escrituras. Esses concílios confirmaram o uso dos livros deuterocanônicos, que já eram amplamente aceitos na tradição cristã primitiva.

Mais tarde, no século XVI, durante a Reforma Protestante, os reformadores questionaram a inclusão dos livros deuterocanônicos, pois o cânon judaico já não os considerava parte das Escrituras sagradas. Em resposta a essa contestação, a Igreja Católica reafirmou o cânon bíblico no Concílio de Trento (1546), reforçando que os livros deuterocanônicos eram, de fato, inspirados por Deus e deveriam ser mantidos na Bíblia.

A decisão da Igreja de preservar esses livros baseou-se no fato de que a Septuaginta, tradução grega do Antigo Testamento utilizada nos tempos de Jesus e pelos apóstolos, continha os livros deuterocanônicos. Como a Septuaginta era amplamente aceita pelos primeiros cristãos, a Igreja manteve esses livros no cânon oficial.

A definição do cânon da Bíblia católica foi um processo cuidadoso e baseado na tradição apostólica. Ele não foi criado arbitrariamente, mas sim reconhecido pela Igreja com base em critérios como autenticidade apostólica, uso litúrgico e coerência doutrinária.

Dessa forma, a Bíblia católica contém 73 livros porque segue a tradição histórica da Igreja primitiva, fundamentada na Septuaginta e confirmada por concílios que buscaram preservar a autenticidade das Escrituras.

Importância dos livros deuterocanônicos

Os livros deuterocanônicos desempenham um papel fundamental na tradição da Igreja Católica. Mais do que simples textos históricos, eles contêm ensinamentos valiosos sobre a fé, a moral e a relação entre Deus e a humanidade. Apesar de serem excluídos da Bíblia protestante, esses livros sempre foram considerados inspirados e essenciais para a doutrina cristã primitiva.

Um dos principais aspectos que tornam os deuterocanônicos importantes é o fato de que eles abordam temas essenciais da fé cristã, como a sabedoria divina, a vida após a morte, a intercessão dos santos e o valor da oração pelos falecidos. No livro de 2 Macabeus 12:46, por exemplo, encontramos um dos fundamentos bíblicos para a crença católica no purgatório, ao mencionar que é algo santo e piedoso orar pelos mortos. Esse conceito não é encontrado nos livros do cânon protestante, o que reforça a importância dos deuterocanônicos na teologia católica.

Além disso, esses livros ajudam a compreender melhor o contexto histórico e cultural do povo de Israel durante períodos que não são amplamente documentados no restante da Bíblia. O livro de 1 Macabeus, por exemplo, relata as lutas dos judeus contra a dominação estrangeira no século II a.C., enquanto o livro da Sabedoria apresenta reflexões profundas sobre a justiça divina e a vida em comunhão com Deus.

Os livros deuterocanônicos também são amplamente utilizados na liturgia católica, aparecendo em leituras durante missas e celebrações especiais. O livro do Eclesiástico, por exemplo, é frequentemente citado em pregações e orações, pois traz ensinamentos sobre ética, respeito aos pais, conduta moral e temor a Deus. O mesmo acontece com o livro de Baruc, que contém passagens de arrependimento e confiança na misericórdia divina.

Outro ponto relevante é que os próprios apóstolos e escritores do Novo Testamento fizeram uso da Septuaginta, a versão grega do Antigo Testamento que incluía os deuterocanônicos. Muitas citações feitas por Jesus e pelos evangelistas correspondem diretamente a essa tradução, o que indica que esses livros eram considerados parte legítima das Escrituras sagradas na época.

Portanto, os livros deuterocanônicos não são apenas uma diferença numérica entre a Bíblia católica e a protestante. Eles contêm ensinamentos espirituais profundos, ajudam a entender melhor o período histórico do Antigo Testamento e foram amplamente utilizados pelos primeiros cristãos. Sua presença na Bíblia católica reforça a continuidade da tradição apostólica e a riqueza dos ensinamentos divinos transmitidos através das Escrituras.

a Bíblia Católica Tem Quantos Livros: perguntas e respostas

Livros Deuterocanônicos na Tradição Católica
Livros Deuterocanônicos na Tradição Católica / Imagem: O Pregador de Cristo

1. A Bíblia Católica tem quantos livros a mais que a protestante?

A Bíblia Católica tem 7 livros a mais no Antigo Testamento, totalizando 73 livros, enquanto a Bíblia Protestante tem 66 livros.

2. Quem definiu o número de livros da Bíblia Católica?

O Concílio de Hipona (393 d.C.) e o Concílio de Cartago (397 d.C.) estabeleceram o cânon bíblico. O Concílio de Trento (1546) confirmou oficialmente os 73 livros da Bíblia Católica.

3. Os livros deuterocanônicos são encontrados em todas as Bíblias?

Não. Eles estão na Bíblia Católica, mas são omitidos na maioria das versões protestantes.

4. Qual a importância da Septuaginta para a Bíblia Católica?

A Septuaginta foi a tradução grega da Bíblia Hebraica usada pelos primeiros cristãos, incluindo os apóstolos. A Igreja Católica adotou essa versão, que incluía os livros deuterocanônicos.

5. Qual a versão oficial da Bíblia usada pela Igreja Católica?

A versão oficial da Igreja Católica é a Vulgata Latina, traduzida por São Jerônimo, mas há várias traduções modernas aprovadas pela Igreja, como a Bíblia de Jerusalém e a Bíblia Ave Maria.

Conclusão

A resposta para a pergunta “A Bíblia católica tem quantos livros?” é clara: ela contém 73 livros, sendo 46 no Antigo Testamento e 27 no Novo Testamento. Essa composição segue a tradição da Igreja desde os primeiros séculos do cristianismo e foi confirmada por concílios que buscaram preservar a autenticidade das Escrituras.

A diferença entre a Bíblia católica e a protestante se deve, principalmente, à exclusão dos livros deuterocanônicos pelos reformadores protestantes no século XVI. No entanto, esses livros sempre fizeram parte da tradição cristã primitiva e trazem ensinamentos fundamentais para a fé católica, abordando temas como sabedoria divina, justiça, oração pelos mortos e resistência à opressão.

Além de seu valor doutrinário, os livros deuterocanônicos são essenciais para compreender melhor a história do povo de Israel e a evolução do pensamento religioso ao longo dos séculos. Eles são amplamente utilizados na liturgia católica e foram referenciados pelos apóstolos e escritores do Novo Testamento, demonstrando sua relevância para o cristianismo.

Entender a formação do cânon bíblico não é apenas uma questão acadêmica, mas um passo importante para aprofundar a fé e compreender a riqueza da Palavra de Deus. Ao estudar as Escrituras com um olhar atento, é possível perceber que cada livro tem um propósito específico e contribui para a revelação divina ao longo da história.

Portanto, conhecer a estrutura da Bíblia e suas diferenças entre as tradições cristãs ajuda a fortalecer a fé e a compreender melhor o legado espiritual deixado pelos primeiros cristãos. A Bíblia católica, com seus 73 livros, reflete a continuidade da tradição apostólica, preservando textos que foram fundamentais para a fé e para a construção do cristianismo ao longo dos séculos.

Que este conhecimento motive cada leitor a estudar mais as Escrituras e a aprofundar sua relação com Deus, reconhecendo a importância de cada livro na construção da fé cristã.

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  • Referência: New International Version – (NIV)