Entenda como o cristão e a lei de Deus se relacionam após a vinda de Jesus
Muita gente que está começando a caminhada cristã ou mesmo quem já tem anos de fé, em algum momento se pergunta: “Se somos salvos pela graça, ainda precisamos seguir a lei de Deus?” Ou então: “Jesus não aboliu a lei?” Essas dúvidas são mais comuns do que parecem, e entender a relação entre fé, graça e obediência é essencial para viver uma vida cristã equilibrada e madura.
Afinal, como podemos conciliar o amor e o perdão que recebemos de Deus com os mandamentos que Ele deixou? Será que a lei ainda tem valor para quem já entregou a vida a Jesus?
Neste artigo, vamos conversar sobre essas perguntas de forma clara, com base na Bíblia. Você vai entender o que é a lei de Deus, o que Jesus ensinou sobre ela, e como viver uma vida de obediência sem cair no legalismo — mas também sem ignorar os princípios divinos.
O que é a lei de Deus?

A expressão “lei de Deus” aparece muitas vezes na Bíblia, e pode ter significados diferentes dependendo do contexto. No sentido mais simples, a lei de Deus é o conjunto de mandamentos e instruções que Ele deu ao Seu povo para ensinar como viver de forma justa, santa e em comunhão com Ele.
No Antigo Testamento, especialmente nos livros de Êxodo, Levítico e Deuteronômio, vemos leis dadas a Israel por meio de Moisés. Algumas dessas leis eram civis ou cerimoniais, ligadas ao templo, aos sacrifícios e à vida nacional de Israel. Outras eram morais e espirituais, como os Dez Mandamentos, que revelam o caráter eterno de Deus e o que Ele espera das pessoas em qualquer tempo.
A lei, portanto, não é apenas um conjunto de regras, mas um reflexo do próprio coração de Deus. Quando lemos a Bíblia com atenção, percebemos que a lei mostra o que é certo, o que é errado, o que agrada a Deus e o que nos afasta dele.
O Salmo 19.7 diz:
“A lei do Senhor é perfeita, e revigora a alma. Os testemunhos do Senhor são dignos de confiança, e tornam sábios os inexperientes.” (Bíblia Online – NVI.)
Mesmo com o passar do tempo, o princípio da lei como expressão da vontade de Deus permanece. Mas será que ela ainda se aplica ao cristão hoje?
Jesus aboliu a lei?
Uma das dúvidas mais comuns quando se fala sobre a lei de Deus é se Jesus veio para acabar com ela. Afinal, se Ele trouxe a graça e o perdão, será que ainda precisamos nos preocupar com mandamentos?
O que vemos no ensino de Jesus é algo mais profundo. Ele não rejeitou a lei, mas mostrou seu verdadeiro propósito. Em vez de apenas seguir regras de forma mecânica, Ele nos ensinou a viver os princípios da lei com o coração. A justiça que Jesus ensinava ia além das aparências. Não era só sobre o que fazemos por fora, mas sobre o que carregamos por dentro.
Durante o ministério de Jesus, Ele confrontou a hipocrisia de pessoas que obedeciam a letra da lei, mas ignoravam o amor, a misericórdia e a justiça. Ao mesmo tempo, Ele deixou claro que os mandamentos de Deus não perderam seu valor. O que mudou foi a forma de se relacionar com eles.
Jesus nos mostrou que a lei deve ser vivida a partir de uma transformação interior. Ela não é um peso para o cristão, mas um caminho de sabedoria e vida. Em vez de abolir a lei, Jesus a cumpriu plenamente e nos convida a seguir seus passos com o mesmo espírito de amor e entrega.
Se somos salvos pela graça, por que obedecer?

A mensagem central do evangelho é que a salvação vem pela graça de Deus, não por obras. Isso significa que não somos salvos por cumprir mandamentos, mas por confiar em Jesus. No entanto, isso não quer dizer que a obediência deixou de ter importância. Na verdade, ela ganha um novo significado.
A graça não anula a obediência, ela a transforma. Quando alguém compreende o que Deus fez por nós em Cristo, a resposta natural é querer agradá-Lo. Obedecer passa a ser um fruto da fé, não uma tentativa de merecer o amor de Deus. A obediência, nesse contexto, se torna uma forma de expressar gratidão e compromisso com o novo caminho que escolhemos seguir.
Na prática, isso quer dizer que o cristão não vive buscando regras para ser aceito por Deus, mas vive em obediência porque já foi aceito. A graça nos alcança como somos, mas não nos deixa do mesmo jeito. Ela nos convida a viver de maneira diferente, com atitudes que refletem o caráter de Cristo.
Obedecer, então, não é uma troca, mas uma consequência. A verdadeira fé gera transformação. E essa transformação se expressa em escolhas, atitudes, palavras e comportamentos alinhados com os valores do Reino de Deus.
Qual a diferença entre seguir a lei por amor ou por obrigação?
Quando falamos sobre o cristão e a lei de Deus, uma das questões mais sensíveis é a motivação por trás da obediência. Afinal, por que obedecemos? Por medo de punição, por tradição, por costume… ou por amor?
A verdade é que há uma enorme diferença entre seguir a lei apenas por obrigação e obedecê-la por amor. O cristão que vive preso à obrigação muitas vezes sente peso, culpa e até frustração. Ele pode até cumprir regras, mas seu coração está distante. Por outro lado, quem compreende o amor de Deus e decide obedecer por gratidão, experimenta liberdade, paz e propósito.
O cristão e a lei de Deus se encontram no ponto em que o amor guia a obediência. Jesus mostrou que amar a Deus e ao próximo é o resumo da lei. Ou seja, a essência de todos os mandamentos é o amor. Quando o coração está alinhado com esse princípio, a obediência deixa de ser um fardo e se torna uma resposta natural.
Seguir a lei por amor é caminhar em sintonia com o caráter de Deus. É escolher o que é certo porque se deseja agradar ao Pai, não porque alguém está vigiando. Essa é a base de uma vida cristã autêntica, uma vida em que a graça nos liberta, mas também nos conduz a viver com responsabilidade espiritual.
No fim das contas, o cristão e a lei de Deus estão ligados por um laço de amor. E é isso que torna a obediência algo leve, sincero e cheio de significado.
Os Dez Mandamentos ainda valem para o cristão?
Quando o assunto é o cristão e a lei de Deus, uma das perguntas mais frequentes é se os Dez Mandamentos ainda são válidos. Afinal, eles fazem parte do Antigo Testamento e foram dados a Moisés, mas será que ainda têm relevância para quem vive pela fé em Jesus?
A resposta é sim, os Dez Mandamentos continuam sendo válidos, especialmente como princípios eternos que revelam o caráter e a vontade de Deus. Eles não foram anulados com a vinda de Cristo, mas reinterpretados de forma mais profunda. Jesus não apenas reafirmou os mandamentos, como também mostrou que eles vão além das ações externas e tocam as intenções do coração.
Por exemplo, Ele ensinou que não é só o ato de matar que é pecado, mas também o ódio. Não é apenas o adultério que fere a lei, mas o desejo impuro. Isso mostra que a relação entre o cristão e a lei de Deus não é sobre regras frias, mas sobre uma transformação interior que gera frutos visíveis.
É claro que algumas leis do Antigo Testamento, como as cerimoniais e civis, estavam ligadas à realidade de Israel naquela época. Mas os princípios morais como amar a Deus, honrar os pais, não mentir, não roubar, não cobiçar são universais e continuam válidos para todos os tempos.
Portanto, os Dez Mandamentos não devem ser vistos como algo ultrapassado, mas como um espelho que nos ajuda a refletir sobre a forma como estamos vivendo. Eles apontam para o padrão de santidade de Deus e nos lembram de que, mesmo vivendo sob a graça, ainda somos chamados a viver com responsabilidade, respeito e amor.
Resumo: o cristão e os Dez Mandamentos hoje
- Os Dez Mandamentos continuam válidos como princípios morais eternos.
- Jesus aprofundou o entendimento desses mandamentos, revelando seu verdadeiro propósito: transformar o coração.
- A obediência cristã não vem da obrigação, mas de um desejo sincero de agradar a Deus.
- Mesmo sob a graça, os mandamentos servem como guia de conduta e revelam o caráter de Deus.
Os Dez Mandamentos em linguagem simples (Êxodo 20)
- Não tenha outros deuses além do Senhor.
- Não faça imagens para adoração.
- Não use o nome de Deus de forma desrespeitosa.
- Separe um dia da semana para descansar e dedicar ao Senhor.
- Honre seu pai e sua mãe.
- Não mate.
- Não cometa adultério.
- Não roube.
- Não minta nem fale mal dos outros.
- Não deseje o que pertence ao seu próximo.
Fonte: Bíblia Sagrada – Êxodo capítulo 20 (Versão recomendada: NVI ou NAA).
Como viver a lei de Deus no dia a dia?
Entender que a lei de Deus ainda é válida para o cristão é importante, mas a grande pergunta prática é: como viver isso na rotina? Como aplicar esses princípios eternos enquanto lidamos com os desafios e distrações da vida moderna?
A resposta começa no coração. A relação entre o cristão e a lei de Deus não pode ser baseada em medo, obrigação ou religiosidade. Ela precisa partir de uma consciência amorosa do que Deus fez por nós. Quando se entende que a lei é um reflexo do caráter de Deus, obedecer deixa de ser um peso e se torna um ato de amor e fidelidade.
Na prática, isso significa escolher a verdade mesmo quando mentir parece mais fácil. Significa tratar os pais com respeito, manter o coração puro, não prejudicar os outros e cultivar um relacionamento sincero com Deus acima de tudo. Não é sobre perfeição, mas sobre decisão. É escolher, todos os dias, caminhar em integridade mesmo quando ninguém está olhando.
A vida cristã não se resume ao que acontece dentro da igreja. Ela é construída nas pequenas atitudes: no jeito como tratamos o próximo, no cuidado com as palavras, nas escolhas éticas, na forma como administramos o tempo e os recursos. Viver a lei de Deus é permitir que os princípios do Reino guiem essas áreas com sabedoria e graça.
E quando erramos, porque erramos, não somos rejeitados. A graça está ali, pronta para nos reerguer. Mas isso não anula o chamado à obediência. Pelo contrário, nos lembra de que viver pela fé é também buscar viver com coerência, buscando crescer em maturidade espiritual.
No fim das contas, o cristão e a lei de Deus se encontram na vida prática, no cotidiano, nas decisões silenciosas que moldam quem estamos nos tornando. Obedecer, nesse contexto, não é um fim em si mesmo, mas um caminho que nos aproxima mais de Deus e nos afasta daquilo que destrói.
Perguntas e respostas sobre O Cristão e a Lei de Deus

1. O cristão deve seguir a Lei de Deus?
Sim! A Lei de Deus reflete Seu caráter e vontade. Embora não sejamos salvos pelas obras da Lei, a obediência é um sinal de amor e gratidão a Deus.
Jesus disse em João 14:15: “Se me amais, guardai os meus mandamentos.”
2. O que a Bíblia diz sobre a Lei de Deus?
A Bíblia ensina que a Lei de Deus é santa, justa e boa (Romanos 7:12). Ela foi dada para guiar os seres humanos no caminho da justiça e revelar a vontade de Deus. No Antigo Testamento, a Lei inclui os Dez Mandamentos e as instruções dadas a Israel. No Novo Testamento, Jesus resumiu a Lei no amor a Deus e ao próximo (Mateus 22:37-40).
3. Qual é o papel da Lei de Deus na vida do cristão?
A Lei de Deus guia o cristão em uma vida de santidade e justiça. Ela nos ensina o que é certo e errado, mostrando nossa necessidade de um Salvador. Romanos 7:7 afirma que sem a Lei, não conheceríamos o pecado.
4. Os Dez Mandamentos ainda são válidos para os cristãos?
Sim. Os Dez Mandamentos são eternos e refletem princípios morais de Deus. Jesus e os apóstolos reafirmaram a importância de obedecer aos mandamentos como demonstração de amor e fidelidade a Deus.
A Lei Cerimonial, que incluía sacrifícios e rituais do Antigo Testamento, apontava para Jesus e foi cumprida nele.
5. O que acontece se um cristão desobedecer à Lei de Deus?
Desobedecer à Lei de Deus nos afasta dele e traz consequências espirituais e práticas. Mas Deus é misericordioso e oferece arrependimento e perdão em Cristo, restaurando nossa comunhão com Ele.
6. O cristão deve guardar o sábado como parte da Lei de Deus?
O sábado é o quarto mandamento da Lei de Deus e foi instituído na criação (Gênesis 2:2-3). Jesus guardou o sábado e ensinou sobre ele. No entanto, muitos cristãos entendem que a adoração pode ocorrer em qualquer dia, desde que Deus seja honrado.
7. Como o cristão pode viver em harmonia com a Lei de Deus?
Vivendo em obediência por amor a Deus, guiado pelo Espírito Santo e buscando crescer no conhecimento da Palavra. A obediência não é um fardo, mas uma resposta ao amor e à graça de Deus.
8. Qual é a verdadeira Lei de Deus?
A verdadeira Lei de Deus é aquela que expressa Seu caráter e vontade. No Antigo Testamento, ela é encontrada na Torá (os cinco primeiros livros da Bíblia). No Novo Testamento, Jesus destacou que a Lei se cumpre no amor (Romanos 13:10), mostrando que a obediência não é apenas seguir regras, mas refletir a justiça e misericórdia divinas.
Conclusão: graça e obediência caminham juntas
A relação entre o cristão e a lei de Deus não é uma questão de seguir regras por obrigação, mas de entender que os mandamentos revelam o coração do Pai. A graça que recebemos não nos afasta da obediência, mas nos convida a viver de maneira coerente com o amor que nos alcançou.
A lei de Deus continua sendo um guia seguro, uma referência de justiça e um espelho que mostra como podemos crescer espiritualmente. Não para sermos salvos por ela, mas porque já fomos salvos. Obedecer é uma resposta de amor, um reflexo da transformação que Deus realiza dentro de nós.
Por isso, viver pela graça não é o oposto de obedecer. É justamente o que nos capacita a obedecer com liberdade e alegria. Um cristão maduro entende que graça e compromisso caminham lado a lado. Ele não busca desculpas para viver do seu jeito, mas deseja viver do jeito de Deus.
Que a sua fé seja marcada por equilíbrio. Que a graça te impulsione, e a obediência te firme. Que a Palavra de Deus continue sendo luz para os seus passos, em cada escolha, pensamento e atitude.
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Referência: Bíblia Online – NVI.

João Paulo Andrade é o autor do blog ”O Pregador de Cristo”, dedicado a explicar de forma clara e acessível os significados de termos bíblicos e personagens pouco conhecidos da Bíblia.